Brasil anuncia a 1ª Conferência Nacional dos ODS: rumo a um país mais justo, verde e inclusivo.
- SETRABES 2030

- 15 de nov.
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O Brasil entra em uma nova fase de articulação da chamada Agenda 2030 ao anunciar a realização da primeira edição da Conferência Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O evento pretende reunir governo, sociedade civil, setor privado e juventude para debater, avaliar e propor caminhos para o alcance dos 18 ODS e suas metas correlatas, e para além disso, garantir que as pessoas que mais sofrem com desigualdades e os efeitos da crise climática também estejam no centro das decisões.
Os 18 ODS: o que são e qual o impacto na sociedade
A Agenda 2030, proposta pelas Nações Unidas, define 18 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para serem alcançados até 2030. Eles são:
Erradicação da pobreza
Fome zero e agricultura sustentável
Saúde e bem-estar
Educação de qualidade
Igualdade de gênero
Água potável e saneamento
Energia acessível e limpa
Trabalho decente e crescimento econômico
Indústria, inovação e infraestrutura
Redução das desigualdades
Cidades e comunidades sustentáveis
Consumo e produção responsáveis
Ação contra a mudança global do clima
Vida na água
Vida terrestre
Paz, justiça e instituições eficazes
Parcerias e meios de implementação
Igualdade Etnico-Racial
Cada objetivo é interdependente: melhorar a educação (ODS 4) facilita a saúde (ODS 3) e o trabalho decente (ODS 8); garantir o saneamento (ODS 6) reduz doenças e vulnerabilidades; promover energia acessível e limpa (ODS 7) contribui para clima (ODS 13) e cidades sustentáveis (ODS 11).
O impacto desses objetivos na sociedade é profundo: se bem implementados, significam menos pobreza, menos fome, saúde mais ampla, menor desigualdade, proteção ambiental, crescimento econômico sustentável, cidades mais seguras e uma participação social mais ativa.
No Brasil, onde persistem desigualdades históricas: regionais, raciais, de gênero, socioeconômicas; os ODS representam uma “agenda de convergência” entre desenvolvimento social e preservação ambiental. Além disso, frente às mudanças climáticas, é cada vez mais evidente que os efeitos atingem com força maior os mais vulneráveis, comunidades tradicionais, periferias urbanas, regiões de clima extremo, tornando urgente que o desenvolvimento sustentável seja também inclusivo e equitativo.
O anúncio na COP 30 e o papel da participação social
Durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), realizada em Belém-PA, a Sra. Izadora Brito, Secretária Nacional de Participação Social da Secretaria‑Geral da Presidência da República (SG), anunciou que o Brasil vai realizar pela primeira vez a Conferência Nacional dos ODS. Segundo o anúncio, o evento será “gigante, histórico” e “muito importante para demarcar que a gente quer construir um país e um mundo distante das desigualdades”.
Participaram da mesa representantes da sociedade civil, de entidades como o Itaipu Binacional, do setor privado e do governo, reforçando o caráter plural da iniciativa.
É importante destacar o papel da participação social: ao realizar o anúncio durante a COP 30, em um ambiente de diálogo climático global, o governo sinaliza que a conferência dos ODS deve não apenas tratar de metas e indicadores, mas envolver comunidades, juventude, movimentos sociais, povos indígenas e diversos segmentos que historicamente têm sido excluídos dos “grandes painéis de decisão”.
Quando e para quem: impactos concretos na vida das pessoas que mais precisam
Embora o anúncio tenha deixado claro que a conferência ocorrerá “no próximo ano” (após 2025) — ainda não consta uma data ou local público definitivo no momento.
Para as pessoas que mais precisam, aquelas que enfrentam pobreza, insegurança alimentar, falta de saneamento, moradias precárias, risco climático, o evento pode ter impacto direto em várias frentes:
Direcionamento de políticas públicas: ao reunir um panorama nacional, a conferência pode ajudar a definir prioridades territoriais (por exemplo: Amazônia, Caatinga, periferias urbanas) para que os ODS sejam implementados de modo mais alinhado às realidades locais.
Aceleração de financiamento e parcerias: a mobilização nacional pode catalisar recursos, parcerias entre governos estaduais, municipais, iniciativa privada e sociedade civil para projetos que de fato ofereçam soluções em saneamento, habitação, energia limpa, agroecologia e infraestrutura.
Foco na justiça climática e desigualdade: pessoas vulneráveis sofrem mais com eventos climáticos extremos (enchentes, secas), com vulnerabilidade social e menor acesso a redes de proteção, a conferência poderá colocar esse grupo no centro da implementação dos ODS, alinhando ação climática + inclusão social.
Visibilidade e participação cidadã: quando comunidades têm voz e são escutadas, as políticas se tornam mais eficazes e legítimas. A conferência abre espaço para que os que vivem a desigualdade participem da definição de soluções, fortalecendo democracia e corresponsabilidade.
Integração nacional-local: va desde Brasília até municípios remotos, essa conferência tem o potencial de “baixar” os ODS para o nível municipal e comunitário, fortalecendo que cada local identifique como contribuir e beneficie-se.
Dessa forma, a realização da conferência não é apenas simbólica: é um mecanismo para que as metas globais (ODS) sejam traduzidas em melhorias concretas na vida de cidadãos brasileiros que historicamente carregam o fardo da exclusão.
Por que isso importa agora
Vivemos um momento crítico: o mundo enfrenta mudanças climáticas aceleradas, crises alimentares, desigualdades crescentes, pressões sobre os ecossistemas, e muitos dos impactos recaem sobre quem menos contribui para o problema.
No Brasil, isso se agrava por fragilidades institucionais, desigualdades regionais (Norte/Sul, urbano/rural), e desafios de governança. A Agenda 2030, e seus 17 ODS, representa um contrato global que exige adaptação local. Ao anunciar a conferência nacional, o Brasil sinaliza que quer fazer essa adaptação de forma mais participativa, integrada e ambiciosa.
Para profissionais de políticas públicas, gestores, sociedade civil, juventude e criadores de conteúdo, esse é um momento de oportunidade: produzir comunicação estratégica, visualizações de dados, narrativas que conectem metas globais com realidades locais e mobilizar parcerias que vão além do “papel”.
Próximos passos para acompanhar e participar
Ficar atento ao portal da Secretaria-Geral para confirmação de data, local e pauta da conferência. (Até agora: apenas “ano seguinte”.)
Mobilizar redes de sociedade civil, juventude, movimentos de base para garantir que suas vozes estejam representadas, em especial pessoas de territórios vulneráveis, comunidade indígena, periferias.
Produzir materiais como infográficos, vídeos, reportagens, podcasts, que expliquem os 17 ODS em linguagem acessível para públicos diversos, conectando com o que a conferência pretende gerar.
Preparar propostas de políticas locais alinhadas aos ODS (por exemplo: saneamento + ODS 6 em determinado município; agroecologia + ODS 2/12; energia solar comunidade + ODS 7/13) que possam ser apresentadas ou circuladas durante a conferência.
Monitorar como será o “legado” da conferência: se haverá marcos de acompanhamento, metas nacionais específicas, mecanismos de participação social contínua.
A 1ª Conferência Nacional dos ODS marca um momento de virada para o Brasil, não apenas por reunir atores em torno dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, mas porque ela traz o imperativo de democratizar o desenvolvimento sustentável: que a ação climática, a justiça social e a economia verde não sejam privilégio, mas meio de vida digna para todos. Para quem mais sofre com desigualdades e vulnerabilidades, essa conferência oferece um porto de esperança, desde que se transforme em instrumento de transformação real, com escuta ativa, governança aberta, compromissos concretos e recursos destinados àqueles que mais precisam.
Fontes:
“Vem aí a primeira Conferência Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” — página oficial da Secretaria‑Geral da Presidência da República (Governo Federal) publicada em 13/11/2025. Serviços e Informações do Brasil
“Vem aí a primeira Conferência Nacional dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” — artigo no site Plantaonews repercutindo o anúncio. PLANTÃONEWS
“COP30: O Brasil sedia pela primeira vez o Debate Climático Mundial” — página da Secretaria Estadual de Meio Ambiente de São José dos Campos (SEMIL.SP) detalhando contexto da COP30 em Belém. semil.sp.gov.br
“COP 30 — Secretaria-Geral – Portal Gov.br” — seção da Secretaria-Geral sobre a COP30 que também menciona o anúncio da conferência dos ODS.





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