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A Filósofa que democratizou o pensamento antirracista: Djamila Ribeiro encerra as homenagens do Novembro Negro em Roraima.

  • Foto do escritor: SETRABES 2030
    SETRABES 2030
  • há 3 dias
  • 3 min de leitura
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O Governo de Roraima, por meio da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), finaliza hoje as celebrações do Novembro Negro. Ao longo deste mês, dedicado à Consciência Negra, diversas personalidades que moldaram a história e a cultura afro-brasileira foram rememoradas. Para encerrar este ciclo de homenagens com a magnitude que a data exige, o destaque de hoje é uma das vozes mais influentes da contemporaneidade: a filósofa, escritora e ativista Djamila Ribeiro.


Djamila Taís Ribeiro dos Santos nasceu em Santos, no litoral de São Paulo, em 1980. Sua trajetória não é apenas acadêmica, mas profundamente enraizada na vivência e na luta social herdada de sua família. Filha de um estivador e militante do movimento negro, ela cresceu em um ambiente onde o debate político e a consciência racial eram parte do cotidiano. Essa base familiar foi fundamental para que, anos mais tarde, ela se tornasse uma ponte essencial entre a teoria acadêmica e o grande público.


Graduada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e mestre em Filosofia Política pela mesma instituição, Djamila rompeu as barreiras do elitismo intelectual. O seu grande mérito foi traduzir conceitos complexos para uma linguagem acessível, permitindo que o debate sobre racismo estrutural, feminismo negro e empoderamento chegasse às redes sociais, aos programas de televisão e às listas de livros mais vendidos do país.


Um dos conceitos centrais que Djamila ajudou a popularizar no Brasil é o de "lugar de fala". Diferente do que o senso comum muitas vezes propaga, a filósofa explica que o termo não se trata de proibir alguém de falar sobre determinado assunto, mas sim de reconhecer de onde se fala e quais hierarquias de poder estão envolvidas nesse discurso. Em sua obra O que é lugar de fala?, ela convida a sociedade a refletir sobre como a localização social de cada indivíduo influencia sua visão de mundo e suas oportunidades.


Outro marco em sua carreira é o best-seller Pequeno Manual Antirracista. A obra se tornou uma ferramenta prática e indispensável para quem deseja entender as origens do racismo no Brasil e, principalmente, como combatê-lo ativamente. O livro reforça a ideia de que não basta não ser racista, é preciso ser antirracista, exigindo uma postura proativa diante das desigualdades.


O reconhecimento de Djamila transcende fronteiras. Ela foi nomeada Personalidade do Amanhã pelo governo francês e integra a lista das 100 mulheres mais influentes do mundo da BBC. Em 2022, ela ocupou a cadeira número 28 da Academia Paulista de Letras, consolidando seu nome na história literária do país. Sua presença nesses espaços é, por si só, um ato político que desafia a ausência histórica de mulheres negras em posições de prestígio intelectual.


Ao escolhê-la para encerrar o Novembro Negro, o Governo de Roraima e a Setrabes reafirmam o compromisso com a educação e a conscientização. Djamila Ribeiro representa a continuidade da luta de Zumbi dos Palmares e Dandara, mas com as armas do século XXI: a caneta, o livro e a palavra. Ela nos lembra que a filosofia e o pensamento crítico são instrumentos poderosos de transformação social e que a luta por equidade racial é um dever de toda a sociedade brasileira.


Que a homenagem de hoje sirva de inspiração para que os ensinamentos trazidos durante todo este mês não se encerrem no calendário, mas permaneçam vivos nas políticas públicas e nas atitudes diárias de cada cidadão roraimense.


Fontes de Pesquisa:


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